Resenha: A Formiguinha e a Neve, de João de Barro (Braguinha) | Entre Páginas & Prateleiras

A fragilidade do ser é um tema que permeia a literatura e a filosofia, ao explorar a vulnerabilidade inerente à condição humana. No livro “A Formiguinha e a Neve”, adaptado por João de Barro (também conhecido como Braguinha), encontramos uma fábula universal que ilustra essa fragilidade de maneira poética e reflexiva; além de nos levar a refletir sobre a busca por ajuda e a importância da humildade.


Imagem: Fonte: www.rogerioborgesilustrador.com

Na narrativa, uma formiguinha se vê presa em um floco de neve enquanto caminha. Esse pequeno inseto enfrenta uma situação aparentemente trivial, mas que simboliza, para o ser humano, a luta diária contra as adversidades da vida. Desesperada, a formiga, como nós, busca ajuda e amparo em seu meio; mas todos se recusam, argumentando que há alguém mais forte ou capaz de ajudá-la. Ao pedir auxílio ao Sol, que ela considera forte, a formiga é surpreendida com a resposta de que há algo mais poderoso: o muro que o Sol não consegue transpor. O muro, por sua vez, aponta para o rato, que o rói. E assim, a cadeia de seres mais fortes continua: passando pelo rato, gato, cachorro, homem e, por fim, a morte. Todos lhe negaram auxílio.

Essa sucessão de recusas e a busca incessante por ajuda refletem a fragilidade humana diante das circunstâncias. A formiga, como nós, enfrenta limitações e obstáculos que a impedem de seguir adiante. A metáfora do muro, mais forte que o Sol por fazer sombra, nos lembra que nem sempre a força está onde esperamos.

Finalmente, a formiguinha implora à morte, que lhe diz que só Deus poderia ajudá-la. Esse desfecho revela que a verdadeira ajuda deve vir de algo muito superior, que governa todas as coisas. Tremendo de medo, a formiga roga a Deus, pedindo que Ele remova o floco de sua patinha. E assim, com humildade e fé, a formiguinha encontra a solução.

Essa conclusão nos convida a refletir sobre nossa própria busca por soluções e amparo. Somos frágeis, mas também somos parte de algo maior, superando a nossa existência individual.


Essa fábula nos ensina sobre a importância de reconhecer nossas limitações, buscar ajuda e confiar em algo superior a nós mesmos. Pois, assim como a formiga, enfrentamos nossos floquinhos de neve cotidianos, ao buscar apoio nos outros e, frequentemente, encontrando respostas inesperadas.

A formiguinha, mesmo sendo pequena, soube reconhecer sua fragilidade e recorrer à divindade para superar seu desafio. A fragilidade do ser é um convite à humildade, à compreensão de que somos todos pequenos diante do universo, mas também conectados por laços invisíveis.

Em última análise, “A Formiguinha e a Neve” nos lembra que, por vezes, a força reside na humildade e na confiança em algo além de nossas próprias capacidades; e nos ensina que a fragilidade não é uma fraqueza; mas uma oportunidade para crescer, aprender e encontrar significado em nossa jornada efêmera. Afinal, como a formiga, todos buscamos, em meio à neve da vida, um sentido que transcenda nossa pequenez.



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